Há pouco, ao ler isto, tive vontade de cá voltar.
Pelas vezes em que os seus poemas me consolaram, pelas vezes em que as suas palavras foram empáticas com os meus sentimentos. Pelas vezes em que o citei, fazendo minhas as suas palavras. Por tudo quanto me deu, e por tudo aquilo que dele fica, depois de tudo, depois da morte.
Obrigada, António Ramos Rosa, pelo que fizeste por mim.
Até sempre, meu amigo.
Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.