sábado, 29 de setembro de 2012

Programa da noite.


5 anos.

Tarde de mimo.



Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.

Eu venho do nada, porque arrasei o que não quis
em nome da estrada, onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A banda sonora da minha noite.


Olha lá
Já se passaram alguns anos
Nem sequer vinhas nos meus planos
Saíste-me a sorte grande

E eu cá vou
Gozando os louros deste achado 
Contigo de braço dado para todo o lado 

Eu vou até morrer ser teu se me quiseres
Agarrado a ti vou sem hesitar
E se o chão desabar que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti

Meu amor
Na roda da lotaria 
Que é coisa escorregadia
Saíste-me a sorte grande 

E eu cá vou
À minha sorte abandonado
Contigo de braço dado para todo o lado

Eu vou até morrer ser teu se me quiseres 
Agarrado a ti vou sem hesitar
E se o chão desabar que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti

E olha lá
Por mais que passem os anos
Por menos que eu faça planos 
Sais-me sempre a sorte grande 

Agarrado a ti vou sem hesitar
E se o chão desabar que nos leve aos dois
Vou agarrado a ti vou sem hesitar 
E se o chão desabar que nos leve aos dois 
Vou agarrado a ti 
Vou agarrado a ti 
Vou agarrado a ti

De partida.


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A banda sonora da minha noite.

Balada de Sempre.


Espero a tua vinda
a tua vinda,
em dia de lua cheia.



Debruço-me sobre a noite
a ver a lua a crescer, a crescer...



Espero o momento da chegada
com os cansaços e os ardores de todas as chegadas...



Rasgarás nuvens de ruas densas,
Alagarás vielas de bêbados transformadores.
Saltarás ribeiros, mares, relevos...
- A tua alma não morre
aos medos e às sombras!-



Mas...,
Enquanto deixo a janela aberta
para entrares,
o mar,
aí além,
sempre duvidoso,
desenha interrogações na areia molhada...


Fernando Namora

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Das maravilhas da maternidade.

Depois do:
- "mipopótamo" (hipopótamo); do
- "ninoceronte" (rinoceronte); do
- "paulinhovalente" (polivalente); do
- "dezazoito" (dezoito); do
- "autobatocarro" (autocarro) e 
de mais umas quantas, a última expressão preciosa do herdeiro é... 
- ginástica "rica" (rítmica)!

Recomeço.


terça-feira, 18 de setembro de 2012

In Memoriam.


Tu, a quem a vida pouco deu
que deste o nada que foi teu em gestos desmedidos.
Tu, a quem ninguém estendeu a mão
e mendigas o pão dos teus sentidos
Homem só, meu irmão.

Tu que andas em busca da verdade
e só encontras falsidade em cada sentimento
Inventa, inventa amigo uma canção
que dure para além deste momento
Homem só, meu irmão.

Tu, que nesta vida te perdeste
e nunca a mitos te vendeste,
dura solidão!
Faz dessa solidão teu chão sagrado,
agarra bem teu leme ou teu arado,
Homem só, meu irmão.

Luiz Goes

domingo, 16 de setembro de 2012

A banda sonora da minha noite.



Tenho.

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Álvaro de Campos, Tabacaria.

O povo saiu à rua num dia assim.

Avenida dos Aliados, Porto, 15 de Setembro de 2012
© Maria de Deus Botelho

Sabes, Avô, hoje fui até à Avenida dos Aliados, no Porto. Fui juntar-me a tantos que, como eu, não quiseram ficar em casa desta vez e preferiram ser parte activa nesta luta por um país mais justo, um país mais solidário. Éramos tantos, Avô… Um mar de gente, de todas as idades. Vi crianças da idade do teu bisneto que não chegaste a conhecer, vi velhos da idade que terias hoje se a vida não te tivesse levado antes do tempo. Cruzei-me com homens e mulheres que podiam ser meus pais, que seguramente sacrificaram tanto para darem aos filhos a educação que muitos deles não tiveram e que, agora, os vêem sair do país em busca de um futuro que, aqui, já não têm.

Estavam lá gerações inteiras, Avô. Pais que levavam os filhos e filhos que levavam os pais. Avós que se apoiavam nos netos e netos que estavam ali também pelos seus Avós. Todos em luta serena e pacífica.

Fomos pacíficos mas não fomos silenciosos. Ouviram-se cânticos, gritaram-se palavras de ordem; bateram-se palmas e lançaram-se assobios; cantou-se o Hino, Avô, A Portuguesa, que sempre te encheu o peito. Empunharam-se cartazes com dizeres mais ou menos criativos. Tudo feito por gente que se recusa a desistir, que renega a resignação, que insiste em lutar.

Hoje, Avô, eu fiz aquilo que me ensinaste toda a vida: ergui bem alto a cabeça e exigi os direitos por que tanto lutaste. Hoje, a minha voz também se fez ouvir, contra o exagero, contra o sacrifício desmesurado, contra o retrocesso. Hoje, fui verdadeiramente tua neta: um soldado na luta incessante por um futuro melhor, mais digno, mais verdadeiro.

Foi o começo, Avô. Será preciso muito mais, será necessário ser muito melhor. Mas hoje, Avô, eu fiz aquilo com que sonhei tantas vezes: eu comecei mesmo a mudar o mundo.

Se cá estivesses, provavelmente ter-me-ias pedido cautela; assim, vieste comigo e a tua voz foi a minha voz, a tua força foi a minha força. Foi quando te senti em mim que me lembrei do cântico que tantas vezes cantámos no jardim da casa da aldeia: “…o povo é quem mais ordena…”. Também se cantou, Avô. Bem alto, como deve ser. O povo saiu à rua. E fez-se ouvir.

Ainda ontem, no P3.

[À memória do meu Avô materno, José Francisco Botelho, que também fez de mim aquilo que eu sou hoje.]


sábado, 15 de setembro de 2012

O programa da tarde.


Que sopre o vento.


A banda sonora do nosso dia.


Tiveste gente de muita coragem 
E acreditaste na tua mensagem 
Foste ganhando terreno 
E foste perdendo a memória

Já tinhas meio mundo na mão 
Quiseste impor a tua religião 
E acabaste por perder a liberdade 
A caminho da glória

Ai, Portugal, Portugal 
De que é que tu estás à espera? 
Tens um pé numa galera 
E outro no fundo do mar 
Ai, Portugal, Portugal 
Enquanto ficares à espera 
Ninguém te pode ajudar

Tiveste muita carta para bater 
Quem joga deve aprender a perder 
Que a sorte nunca vem só 
Quando bate à nossa porta

Esbanjaste muita vida nas apostas 
E agora trazes o desgosto às costas 
Não se pode estar direito 
Quando se tem a espinha torta

Ai, Portugal, Portugal 
De que é que tu estás à espera? 
Tens um pé numa galera 
E outro no fundo do mar 
Ai, Portugal, Portugal 
Enquanto ficares à espera 
Ninguém te pode ajudar

Fizeste cegos de quem olhos tinha 
Quiseste pôr toda a gente na linha 
Trocaste a alma e o coração 
Pela ponta das tuas lanças

Difamaste quem verdades dizia 
Confundiste amor com pornografia 
E depois perdeste o gosto 
De brincar com as tuas crianças

Ai, Portugal, Portugal 
De que é que tu estás à espera? 
Tens um pé numa galera 
E outro no fundo do mar 
Ai, Portugal, Portugal 
Enquanto ficares à espera 
Ninguém te pode ajudar

Ai, Portugal, Portugal 
De que é que tu estás à espera? 
Tens um pé numa galera 
E outro no fundo do mar 
Ai, Portugal, Portugal 
Enquanto ficares à espera 
Ninguém te pode ajudar

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A banda sonora da minha noite.

«Sábado começo a mudar o mundo.»

Há pouco menos de um ano (por ocasião das manifestações de 15 de Outubro de 2011), acreditava (e disse-o aqui) que, num momento como o que então vivíamos, a forma de ultrapassarmos as dificuldades não passava pela saída para a rua, não envolvia gritos de revolta (ainda que justamente a sentíssemos) nem palavras de ordem contra isto ou aquilo; naqueles tempos, considerava eu dever haver, de todos e de cada um de nós, um particular sentido de responsabilidade.

Passou quase um ano. Nesse entretanto, as nossas vidas foram verdadeiramente retalhadas. Baixaram-se salários, cortaram-se subsídios (que, em abono da verdade, eram componente da remuneração); aumentaram os impostos, a electricidade e os bens de primeira necessidade. Os combustíveis dispararam para preços absolutamente proibitivos.

As consequências destas medidas – consideradas necessárias e, apesar de tudo, relativamente aceites pelos portugueses – foram e são brutais: milhares de pessoas deixaram de poder pagar as suas casas ao Banco e ficaram sem um tecto onde viver; muito do tecido empresarial deste país parou de funcionar, apresentou-se à insolvência e deixou no desemprego todos os seus trabalhadores; inúmeras famílias deixaram de ter um espaço a que pudessem chamar seu e passaram a dividir a casa com os pais, os tios e os avós, para cortar nas despesas; o número de desempregados aumentou para valores nunca vistos – são muitos os casais que, hoje, não sabem como alimentar os seus filhos. A estabilidade profissional não existe. A pobreza, verdadeira, bateu à porta de muitos e está à espreita para outros tantos.

Apesar de tudo, até agora eu ainda via nos olhos dos que comigo se cruzam diariamente a centelha da esperança, a vontade de lutar, o desejo de ultrapassar as dificuldades. Agora, nem isso.

Na sexta-feira passada (7 de Setembro), o país foi confrontado com novas medidas de austeridade, a afectar os “do costume”. Medidas duras, que assentam numa (mais uma) significativa redução do rendimento disponível das pessoas.

Confrontada com a suposta inevitabilidade de tudo isto e com as desconfianças que todos temos em relação ao sucesso desta empreitada, uma pergunta persiste, desde então, em me inquietar: Que país, que futuro, que vida estou eu a construir para o meu filho?

É nele que penso. É a busca incessante daquilo que sonhei para ele (muito mais do que o que sonhei para mim própria) que me move, todos os dias, todas as horas, todos os minutos. Por isso, por ele mais do que por mim, não posso continuar apática e submissa. Chegou a hora. Li o “post” de Myriam Zaluar  no Facebook, que dizia: “Sábado começo a mudar o mundo”. Eu vou com ela.

A minha crónica de hoje, no P3.

E assim, sem me conhecer, ela fez com que eu me decidisse.

Ontem à noite, o meu filho, antes de se deitar, veio ter comigo e disse-me, com aquele ar gozão que eu conheço tão bem e que ele usa sem se dar conta para atenuar emoções demasiado intensas: "Mãe, estou muito orgulhoso de ti e dos teus amigos marginais que passam a vida a tentar mudar o país."

E eu, tantas vezes preguiçosa, tantas vezes displicente, eu que tantas vezes tenho vivido abaixo das minhas capacidades, eu, que tantas vezes tenho deixado a cozinha por limpar e o carro por aspirar, que tenho deixado textos para escrever amanhã, que tenho até chegado a pensar que mais vale arrumar as botas, eu verifico que nesta simples frase está tudo. Tudo.

O orgulho do meu filho. Da minha filha. Tudo o que eu quero. Tudo o que eu preciso. É por eles que saio à rua. Por eles continuo a levantar-me todas as manhās para trabalhar de olhos fechados num emprego que detesto e que nada tem a ver comigo. Por eles adio o meu sonho vezes sem conta. Por eles cometo a incoerência de prosseguir alimentando um sistema que abomino e que nos está a destruir, a mim, a eles e a ti que me lês, talvez.

Mas ele tem orgulho em mim, muito, foi o que ele disse. E eu orgulho-me que ele se orgulhe de mim. Que mais pode querer uma māe?

Que mais pode querer? Pode querer muito. Pode querer tudo. Menos que isso é desistir do mundo. É desistir da vida. E eu nāo desisto. Há quem queira, quem tudo faça para que eu desista, mas nāo, eu nāo. Os meus filhos merecem o mundo que eu sonhei. Eu mereço o mundo que sonhei. O que me foi prometido. Eles merecem crescer acreditando que vāo ser felizes, como eu cresci. Acreditando que vāo realizar os seus sonhos, como eu cresci. E para isso bater-me-ei todos os dias da minha vida.

Os meus amigos. O Luis que está na prateleira. O Joāo que foi despedido. O Miguel que queria ser actor e que todos os dias afoga a frustraçāo num mar de cerveja.
As minhas amigas. A Sara que está desempregada. A Rita que se mata a trabalhar. A Inês que queria montar um pequeno negócio. A Mariana que está doente e nāo pode parar para se tratar porque se o fizer nāo terá como dar de comer à filha.
Tanto talento, tanta energia desperdiçados. Tanta gente a viver abaixo, abaixo das suas expectativas, abaixo das suas necessidades, abaixo das promessas com que crescemos. Abaixo.

Marginais. É verdade. Somos marginais. Nāo queremos trabalhar. Nāo queremos trabalhar sem os direitos pelos quais morreram os nossos antepassados. Nāo queremos trabalhar até cairmos de exaustāo. Nāo queremos trabalhar até morrermos de velhos sem termos vivido. Nāo queremos trabalhar em ambientes podres, doentes, doentios, que nos cortam as asas, a criatividade, a motivaçāo. Nāo queremos trabalhar a troco de salários miseráveis, nem a troco de talões de supermercado. Nāo queremos trabalhar 60 horas por semana. Nāo queremos trabalhar para criar a riqueza com que os patrões se banqueteiam à nossa conta enquanto nós contamos os cêntimos. Nāo queremos só comida, queremos comida, diversāo e arte, queremos a imaginaçāo ao poder, queremos o descrescimento. Sim, somos marginais. Somos marginais porque pensamos à margem. Somos marginais porque somos mantidos à margem. Marginais porque as margens nos comprimem. Marginais mas nāo violentos. Apenas queremos mudar o país, disse ele. Mudar o mundo. Mudar.

Mudar. Mudar-nos. Mudar para dentro, mudar para fora. Mudar para melhor, porque para pior já basta assim. Mudar porque é possível. Porque é preciso. Porque é urgente. Porque é devido. Sábado saio à rua. Sábado começo a mudar o país. Sábado começo a mudar o mundo. Sábado reclamo a minha vida. A dos meus filhos. A dos meus pais. A dos meus amigos. A tua. Sábado deixo de ser marginal, deixo de ser margem, torno-me rio. Rio de multidāo lutando com a história na māo. Sábado quero encontrar-te. Vens?

da Myriam Zaluar, aqui.



terça-feira, 11 de setembro de 2012

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Liberdade, igualdade e fraterni… quê?


A história percebe-se melhor se contada na com uma pessoa: Cristina Dimitru passou 18 meses (entre 2005 e 2007) numa caravana em Nantes, sem água nem electricidade, sem acesso à escola ou ao mercado de trabalho, impedida de pedir um visto de trabalho. Persistente, lutou durante esse tempo contra um sistema pouco permeável a conceder uma oportunidade de vida. Em 2007, entrou directamente para o quarto ano de escolaridade, em Junho de 2011 obteve o certificado de aptidão pedagógica. Em Dezembro do mesmo ano, o Governo francês condecorou esta jovem de origem Romani com o título de melhor aluna de França. Em 2010, uma outra aluna com as mesmas raízes étnicas recebeu idêntico galardão.

Dois casos com um final feliz que, vistos isoladamente, dariam a ideia de que a terra dos sonhos existe, afinal, e é em França. Mas se alargarmos um pouco mais o “zoom”, vemos uma realidade bem distinta. Em Outubro de 2010, o Governo de Sarkozy expulsou inúmeras famílias ciganas, a troco de 300 euros, com o argumento de que estavam ilegais. Uma violação do Direito Comunitário, que proíbe perseguições baseadas em motivos religiosos ou étnicos. Nicolas Sarkozy foi duramente atacado pela comunidade internacional e perdeu a “guerra”. Então, a Comissária Europeia para a Justiça, Direitos Fundamentais e Cidadania, Viviane Reding, intimidou a França com punições e declarou: “Eu pensei que a Europa não seria mais testemunha deste tipo de situação depois da Segunda Guerra Mundial.”

imagem vista aqui.

Em Março deste ano, em plena campanha presidencial, François Hollande comprometeu-se a encontrar “soluções de realojamento” para os Roms: “Não podemos continuar a aceitar que famílias sejam perseguidas de um lugar e não haja solução.”

O certo é que uma circular interministerial emitida recentemente determina a aplicação “imediata” do fim das “ocupações ilícitas de terrenos”, ordenando aos governantes locais que “recorram à força pública” se necessário. A circular impõe, apesar disso, que seja assegurado “tratamento igual e digno a todas as pessoas em situação de perigo social”, através de medidas que promovam a inserção dessas mesmas pessoas (escolarização, saúde, emprego, abrigo).

A eleição de Hollande para o cargo de Presidente da República de França, em Maio último, fez com que boa parte da Europa suspirasse de alívio, por muitas razões. Sarkozy teve, na opinião dos franceses, demasiados desatinos políticos para que fosse reeleito e os “novos ventos” do socialismo voltaram ao poder na velha Gália. Mas se Hollande prometeu bater o pé às vontades da senhora Merkel, no que à economia diz respeito, mantém a intransigência de Sarkozi contra os Roms (ciganos). No último mês, foram já três os campos de Roms evacuados à força: Lille, Lyon e, agora, Ile-de-France à Evry, nos arredores de Paris, com a expulsão de cerca de 80 pessoas.



Hollande até pode estar a ser menos agressivo do que Sarkozy no tom e nos modos utilizados para desmantelar os acampamentos. Mas não deixa de continuar a violar o Direito Comunitário, de continuar a perseguir uma comunidade e, acima de tudo, de persistir no erro de tentar resolver a questão de forma populista. A História ensina que não é por serem atirados “borda fora” de um país que os povos deixam de procurar uma vida melhor, deixam de buscar a “sua” terra de sonho. Liberdade? Igualdade? Fraterni… quê? Pois. Era isso, era.

A minha crónica, publicada ontem no Público.