Houve um tempo em que, na primeira quinta-feira do mês de Maio de cada ano, por volta desta hora, eu me preparava para uma noite muito especial. Calçava, com muito cuidado, as meias pretas; enfiava a saia justa e apertava, um a um, os botões da camisa alva. Fazia, concentrada, o nó na gravata preta, vestia o casaco da mesma cor e calçava os sapatos de salto. Colocava a capa longa, pesada e cheia de memórias sobre os ombros. Pegava na pasta e batia a porta de casa, rumo ao primeiro de uma série de jantares típicos com amigos vestidos com os mesmos trajes.
Voltava a casa quando a "minha" Sé Velha já estava pejada de gente, furando e empurrando como podia para voltar a entrar em casa.
À meia-noite em ponto, debruçava-me na janela do meu quarto, sobre o largo cujo chão era um negro mar de gente, e fechava os olhos aos primeiros acordes das guitarras portuguesas. Respirava fundo, na ânsia de absorver todo aquele ambiente.
Por tudo o que ali vivi e também por essas noites, Coimbra faz parte de mim. E hoje, particularmente hoje, eu sou filha do Mondego.
2 comentários:
Em Lisboa não temos nada disso, mas a minha bencão (a primeira) foi única. Foi no Santuário de Fátima porque o Estádio 1 de Maio estava em Obras e teve direito a abertura de telejornal tal não foi a confusão para lá chegar. A A1 parou e o Cardeal António Ribeiro teve que ser escoltado para conseguir chegar tal não era a fila. :)
A segunda já foi mais calma. Alameda da Cidade Universitária com o privilégio de termos a escadaria da FDUL só para nós.
Ai melhér, saudades. :)
É isso mesmo, Maria.
Saudades... :-)
Enviar um comentário