E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa é nada me prende.
No dia em que passam 80 anos sobre a sua morte.
(O excerto é do heterónimo Bernardo Soares - Livro do Desassossego, trecho 10, Assírio & Alvim, 1998, p. 53.
O esboço tem o traço inconfundível do Mestre Júlio Pomar.)
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