quinta-feira, 31 de março de 2011
My Skin...
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refúgios musicais
quarta-feira, 30 de março de 2011
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
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Carlos Drummond de Andrade
Arrependimentos
Não me arrependo das horas que perdi a esperar-te quando ainda havia a esperança. A esperança que havia ainda quando, a esperar-te, perdi horas de que não me arrependo.
Um instante na memória de chegares é mais valioso do que jardins. Do que montanhas, do que anos de tempo.
Arrependo-me de ficar ao sol, de sorrir, de esquecer que devagar passam os dias. Os dias passam devagar, esquecendo-se de sorrir, de sorrir ao sol e de ficar onde me arrependo.
José Luís Peixoto, Uma casa na escuridão.
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José Luís Peixoto
Per te.
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inscrições pessoais
terça-feira, 29 de março de 2011
A quantidade certa
Montgomery Clift e Elizabeth Taylor, A place in the sun.* |
A felicidade não se mede pela quantidade do que nos aconteceu de agradável, mas pela quantidade de nós que responde ao que nos acontece.
Vergílio Ferreira
*imagem recolhida aqui
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Vergílio Ferreira
segunda-feira, 28 de março de 2011
Ser bom
Ensinar os outros a serem bons é uma excelente causa, que tem a vantagem de ser mais nobre e menos difícil do que tornarmo-nos bons a nós mesmos.
Mark Twain
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Mark Twain
Memories.
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constatações
domingo, 27 de março de 2011
Dia mundial do Teatro
Algo está podre no Reino da Dinamarca.
William Shakespeare, Hamlet.
(Marcelo, acto I, cena IV)
[pareceu-me apropriado...]
[pareceu-me apropriado...]
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memória,
William Shakespeare
sábado, 26 de março de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
Contigo
Contigo aprendi coisas tão simples como
a forma de convívio com o meu cabelo ralo
e a diversa cor que há nos olhos das pessoas
Só tu me acompanhaste súbitos momentos
quando tudo ruía ao meu redor
e me sentia só e no cabo do mundo
Contigo fui cruel no dia a dia
mais que mulher tu és já a minha única viúva
Não posso dar-te mais do te dou
este molhado olhar de homem que morre
e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente.
Ruy Belo
a forma de convívio com o meu cabelo ralo
e a diversa cor que há nos olhos das pessoas
Só tu me acompanhaste súbitos momentos
quando tudo ruía ao meu redor
e me sentia só e no cabo do mundo
Contigo fui cruel no dia a dia
mais que mulher tu és já a minha única viúva
Não posso dar-te mais do te dou
este molhado olhar de homem que morre
e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente.
Ruy Belo
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Ruy Belo
Escrevências desinventosas.
Estava já eu predisposto a escrever mais uma crónica quando recebo a ordem: não se pode inventar palavra. Não sou homem de argumento e, por isso, me deixei. Siga-se o código e calendário das palavras, a gramatical e dicionárica língua. Mas ainda, a ordem era perguntosa: "já não há respeito pela língua-materna?"
Não é que eu tivesse intenção de inventar palavras. Até porque acho que palavra descobre-se, não se inventa. Mas a ordem me deixou desesfeliz. Primeiro: porquê meter a mãe no assunto? Por acaso sou filho de língua, eu? Se nasci, mesmo inicialmente, foi de duplo serviço genético, obra inteira. Segundo: sou um homem obeditoso aos mandos. Resumo-me: sou um obeditado. Quando escrevo olho a frase como se ela estivesse de balalaica, respeitosa. É uma escrita disciplinada: levanta-se para tomar palavra, no início das orações. Maiusculiza-se deferente. E, em cada pausa, se ajoelha nas vírgulas. Nunca ponho três pontos que é para não pecar de insinuência. Escrita assim, penteada e engomada, nem sexo tem. Agora acusar-me de inventeiro, isso é que não. Porque sei muito bem o perigo da imagináutica. Ás duas por triz basta uma simples letra para alterar tudo. Um pequeno «d» muda o esperto em desperto. Um simples «f» vira o útil em fútil. E outros tantíssimos, infindáveis exemplos.
Afinal de contas, quem imagina é porque não se conforma com o real estado da realidade. E nós devemos estar para a realidade como o tijolo está para a parede: a linha certa, a aresta medida. Entijole-se o homem com tendência a imaginescências.
Voltando à língua fria: não será que o português não está já feito, completo, made in e tudo? Porquê esta mania de usar os caminhos, levantando poeira sem a devida direcção? Estrada civilizada é a que tem polícia, sirenes serenando os trânsitos. Caso senão, intransitam-se as vias, cada um conduzindo mais por desejo que por obediência.
Estraga-se a decência, o puro sangue do idioma. E porquê? Por causa dessas contribuições dispérsicas que chegam à língua sem atestado nem guia de marcha. Devia exigir-se, à entrada da língua um boletim de inspecção. E montavam-se postos de controlo, vigilanciosos.
Se forem criados tais posto eu mesmo me voluntario. Uma espécie de milícia da língua, com braçadeira, a mandar parar falantes e escreventes. A revistar-lhes o vocabulário, a inspeccionar-lhes o saco da gramática.
- Vem de onde essa palavra?
E mesmo antes da resposta, eu, arrogancioso:
- Não pode passar. Deixa ficar tudo aqui no posto.
Os queixosos, nas cartas dos leitores, reclamando. E eu, abusando dos abusos, rindo-me deles. Mas não me divertindo de alma inteira, não. Porque a vida é uma grande fábrica de imagineiros e há muita estrada para poucos postos vigilentos.
Mas, em escrevendo «deter gente» eu me lembro de «detergente». Sim, escrevo sério. Um produto que lavasse a língua de sujidades e impurezas. Pegava-se no idioma, lavava-se bem, desinfectava-se. Depois, para não apodrecer, guardava-se no gelo, frigorificado.
Porque isto de falar ou escrever tem de ser dentro das margens. Como um rio manso e leve, tão educado que não acorde poeiras do fundo. Um rio que passe com essa eterna transparência que, verdade autografada, só a morte possui. Seja então a pureza pela morte trazida e por ela conservada.
Afinal de contas, quem imagina é porque não se conforma com o real estado da realidade. E nós devemos estar para a realidade como o tijolo está para a parede: a linha certa, a aresta medida. Entijole-se o homem com tendência a imaginescências.
Voltando à língua fria: não será que o português não está já feito, completo, made in e tudo? Porquê esta mania de usar os caminhos, levantando poeira sem a devida direcção? Estrada civilizada é a que tem polícia, sirenes serenando os trânsitos. Caso senão, intransitam-se as vias, cada um conduzindo mais por desejo que por obediência.
Estraga-se a decência, o puro sangue do idioma. E porquê? Por causa dessas contribuições dispérsicas que chegam à língua sem atestado nem guia de marcha. Devia exigir-se, à entrada da língua um boletim de inspecção. E montavam-se postos de controlo, vigilanciosos.
Se forem criados tais posto eu mesmo me voluntario. Uma espécie de milícia da língua, com braçadeira, a mandar parar falantes e escreventes. A revistar-lhes o vocabulário, a inspeccionar-lhes o saco da gramática.
- Vem de onde essa palavra?
E mesmo antes da resposta, eu, arrogancioso:
- Não pode passar. Deixa ficar tudo aqui no posto.
Os queixosos, nas cartas dos leitores, reclamando. E eu, abusando dos abusos, rindo-me deles. Mas não me divertindo de alma inteira, não. Porque a vida é uma grande fábrica de imagineiros e há muita estrada para poucos postos vigilentos.
Mas, em escrevendo «deter gente» eu me lembro de «detergente». Sim, escrevo sério. Um produto que lavasse a língua de sujidades e impurezas. Pegava-se no idioma, lavava-se bem, desinfectava-se. Depois, para não apodrecer, guardava-se no gelo, frigorificado.
Porque isto de falar ou escrever tem de ser dentro das margens. Como um rio manso e leve, tão educado que não acorde poeiras do fundo. Um rio que passe com essa eterna transparência que, verdade autografada, só a morte possui. Seja então a pureza pela morte trazida e por ela conservada.
Mia Couto, Cronicando.
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Mia Couto
Dreams and purposes.
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resoluções
quinta-feira, 24 de março de 2011
Mergulha nos Sonhos
mergulha nos sonhos
ou um lema pode ser teu aluimento
(as árvores são as suas raízes
e o vento é o vento)
confia no teu coração
se os mares se incendeiam
(e vive pelo amor
embora as estrelas para trás andem)
honra o passado
mas acolhe o futuro
(e esgota no bailado
deste casamento a tua morte)
não te importes com o mundo
com quem faz a paz e a guerra
(pois deus gosta de raparigas
e do amanhã e da terra)
e. e. cummings
ou um lema pode ser teu aluimento
(as árvores são as suas raízes
e o vento é o vento)
confia no teu coração
se os mares se incendeiam
(e vive pelo amor
embora as estrelas para trás andem)
honra o passado
mas acolhe o futuro
(e esgota no bailado
deste casamento a tua morte)
não te importes com o mundo
com quem faz a paz e a guerra
(pois deus gosta de raparigas
e do amanhã e da terra)
e. e. cummings
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e. e. cummings
Ditos.
People do not like to think.
If one thinks, one must reach conclusions.
Conclusions are not always pleasant.
Helen Keller
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Helen Keller
Please, don't.
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resoluções
quarta-feira, 23 de março de 2011
Something. You thing.
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refúgios sonoros
Trancado.
Pensei o quanto desconfortável é ser trancado do lado de fora;
e pensei o quanto é pior, talvez, ser trancado no lado de dentro.
e pensei o quanto é pior, talvez, ser trancado no lado de dentro.
Virginia Woolf
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Virginia Woolf
Um dia...
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refúgios meus
terça-feira, 22 de março de 2011
Ler. De verdade.
Para ler seriamente é preciso silêncio, estar preparado para - e não riam de mim - saber passagens de cor e ter alguma privacidade. De outra forma, é impossível viver uma grande obra, que quer algo de nós. Lê-nos. Lê-nos mais do que nós a lemos.
George Steiner, Ler n.º 100 (Março 2011)
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George Steiner
O poder do silêncio...
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José Saramago
segunda-feira, 21 de março de 2011
Ditos.
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refúgios dos outros
Chess lesson.
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comportamentos
domingo, 20 de março de 2011
Banda Sonora da Noite...
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sábado, 19 de março de 2011
Banda Sonora da Noite...
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refúgios clássicos
sexta-feira, 18 de março de 2011
Carta ao filho
Se puderes guardar o sangue frio diante
de quem fora de si te acusar e, no instante
em que duvidem de teu ânimo e firmeza,
tu puderes ter fé na própria fortaleza,
sem desprezar contudo a desconfiança alheia...
Se tu puderes não odiar a quem te odeia,
nem pagar com a calunia a quem te calunia,
sem que tires daí motivos de ufania,
sonhar, sem permitir que o sonho te domine,
pensar, sem que em pensar tua ambição se confine,
e esperar sempre e sempre, infatigavelmente...
Se com o mesmo sereno olhar indiferente
puderes encarar a Derrota e a Vitória,
como embustes que são da fortuna ilusória,
e estóico suportar que intrigas e mentiras
deturpem a palavra honesta que profiras...
Se puderes, ao ver em pedaços destruída
pela sorte maldosa, a obra de tua vida,
tomar de novo, a ferramenta desgastada
e sem queixumes vãos, recomeçar do nada...
e tendo loucamente arriscado e perdido
tudo quanto era teu, num só lance atrevido,
se puderes voltar à faina ingrata e dura,
sem aludir jamais à sinistra aventura...
Se tu puderes coração, músculos, nervos
reduzir da vontade à condição de servos,
que, embora exausto, lhe obedeçam ao comando...
Se, andando a par dos reis e com os grandes lidando,
puderes conservar a naturalidade,
e no meio da turba a personalidade,
impávido afrontar adulações, engodos,
opressões, merecer a confiança de todos,
sem que possa contar, todavia, contigo
incondicionalmente o teu melhor amigo...
Se de cada minuto os sessenta segundos
tu puderes tornar com teu suor fecundos...
a Terra será tua, e os bens que se não somem,
e, o que é melhor, meu filho, então serás um Homem!
Rudyard Kipling
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Rudyard Kipling
The best thing.
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constatações
Deus e o Diabo ou as confusões do homem.
imagem vista aqui |
Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor.
O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.
Machado de Assis
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Machado de Assis
quinta-feira, 17 de março de 2011
Com dedicatória.
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divagações
Assim falava.
Entretanto, Zaratustra olhava a multidão, e assombrava-se. Depois falava assim:
“O homem é corda estendida entre o animal e o Super-homem: uma corda sobre um abismo; perigosa travessia, perigoso caminhar, perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar.
O grande do homem é ele ser uma ponte, e não uma meta; o que se pode amar no homem é ele ser uma passagem e um acabamento.
Eu só amo aqueles que sabem viver como que se extinguindo, porque são esses os que atravessam de um para outro lado.
Amo os grandes desdenhosos, porque são os grandes adoradores, as setas do desejo ansiosas pela outra margem.
Amo os que não procuram por detrás das estrelas uma razão para morrer e oferecer-se em sacrifício, mas se sacrificam pela terra, para que a terra pertença um dia ao Super-homem.
Amo o que vive para conhecer, e que quer conhecer, para que um dia viva o Super-homem, porque assim quer o seu acabamento.
Friedrich Nietzsche, de Edvard Munch (1906) |
Amo o que trabalha e inventa, a fim de exigir uma morada ao Super-homem e preparar para ele a terra, os animais e as plantas, porque assim quer o seu acabamento.
Amo o que ama a sua virtude, porque a virtude é vontade de extinção e uma seta do desejo.
Amo o que não reserva para si uma gota do seu espírito, mas que quer ser inteiramente o espírito da sua virtude, porque assim atravessa a ponte como espírito.
Amo o que faz da sua virtude a sua tendência e o seu destino, pois assim, por sua virtude, quererá viver ainda e deixar de viver.
Amo o que não quer ter demasiadas virtudes. Uma virtude é mais virtude do que duas, porque é mais um nó a que se aferra o destino.
Amo o que prodigaliza a sua alma, o que não quer receber agradecimentos nem restitui, porque dá sempre e se não quer preservar.
Amo o que se envergonha de ver cair o dado a seu favor e que pergunta ao ver tal: “Serei um jogador fraudulento?” porque quer submergir-se.
Amo o que solta palavras de ouro perante as suas obras e cumpre sempre com usura o que promete, porque quer perecer.
Amo o que justifica os vindouros e redime os passados, porque quer que o combatam os presentes.
Amo o que castiga o seu Deus, porque ama o seu Deus, pois a cólera do seu Deus o confundirá.
Amo aquele cuja alma é profunda, mesmo na ferida, e ao que pode aniquilar um leve acidente, porque assim de bom grado passará a ponte.
Amo aquele cuja alma transborda, a ponto de se esquecer de si mesmo e quanto esteja nele, porque assim todas as coisas se farão para sua ruína.
Amo o que tem o espírito e o coração livres, porque assim a sua cabeça apenas serve de entranhas ao seu coração, mas o seu coração, o leva a sucumbir.
Amo todos os que são como gotas pesadas que caem uma a uma da sombria nuvem suspensa sobre os homens, anunciam o relâmpago próximo e desaparecem como anunciadores.
Vede: eu sou um anúncio do raio e uma pesada gota procedente da nuvem; mas este raio chama-se o Super-homem”.
Friedrich Nietzsche, Assim Falava Zaratustra, IV parte.
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Friedrich Nietzsche
Toda a Terra
imagem de mds |
Aqui eu fui feliz aqui fui terra
aqui fui tudo quanto em mim se encerra
aqui me senti bem aqui o vento veio
aqui gostei de gente e tive mãe
em cada árvore e até em cada folha
aqui enchi o peito e mesmo até desfeito
eu fui aquele que da vida vil se orgulha
Aqui fiquei em tudo aquilo em que passei
um avião um riso uns olhos uma luz
eu fui aqui aquilo tudo até a que me opus
Ruy Belo
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Ruy Belo
quarta-feira, 16 de março de 2011
Para ti.
Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.
Sophia de Mello Breyner Andresen
[recordado ontem. dedicado hoje. a ti, sempre.]
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Sophia de Mello Breyner Andresen
terça-feira, 15 de março de 2011
Silêncio e tanta gente.
Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar;
É uma pedra,
É um grito,
Que nasce em qualquer lugar...
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou;
E esta pedra,
E este grito,
São a história daquilo que eu sou...
Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar.
Às vezes sou também
Um sim alegre,
Ou um triste não...
E troco a minha vida por um dia de ilusão...
E troco a minha vida por um dia de ilusão...
Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer;
É uma pedra,
Ou é um grito,
De um amor por acontecer...
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou;
E esta pedra,
E este grito,
São a história d'aquilo que sou...
Maria Guinot
[Esta música, de 1984, está de novo na moda;
o poema, esse, nunca deixou de estar...]
Que descubro o amor em teu olhar;
É uma pedra,
É um grito,
Que nasce em qualquer lugar...
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou;
E esta pedra,
E este grito,
São a história daquilo que eu sou...
Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar.
Às vezes sou também
Um sim alegre,
Ou um triste não...
E troco a minha vida por um dia de ilusão...
E troco a minha vida por um dia de ilusão...
Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer;
É uma pedra,
Ou é um grito,
De um amor por acontecer...
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou;
E esta pedra,
E este grito,
São a história d'aquilo que sou...
Maria Guinot
[Esta música, de 1984, está de novo na moda;
o poema, esse, nunca deixou de estar...]
imagem de Stefan Beutler |
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Maria Guinot
segunda-feira, 14 de março de 2011
É tarde.
Mas não me importei com isso. Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários.
Mas não me importei com isso. Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis.
Mas não me importei com isso. Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados.
Mas como tenho meu emprego, também não me importei.
Agora estão me levando.
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém.
Ninguém se importa comigo.
Bertold Brecht
lido aqui.
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Bertold Brecht,
refúgios dos outros
Legenda
O homem só é verdadeiro quando se julga incógnito.
Se tem de representar a sua pessoa,
a arte absorve-o e desvia-o do seu próprio ser.
Teixeira de Pascoaes
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Teixeira de Pascoaes
domingo, 13 de março de 2011
Loucura
E tomar a forma dos objectos? Sim.
E acender relâmpagos no pensamento? Também.
E às vezes parecer ser o fim? Exactamente.
Como o cavalo do soneto de Ângelo de Lima? Tal e qual.
E depois mostrar-nos o que há-de vir muito melhor do que está?
E dar-nos a cheirar uma cor que nos faz seguir viagem sem paragem nem resignação?
E sentirmo-nos empurrados pelos rins na aula de descer abismos e fazer dos abismos descidas de recreio e covas de encher novidade?
E de uns fazer gigantes e de outros alienados?
E fazer frente ao impossível atrevidamente e ganhar-lhe, e ganhar-lhe a ponto do impossível ficar possível?
E quando tudo parece perfeito poder-se ir ainda mais além?
E isto de desencantar vidas aos que julgam que a vida é só uma?
E isto de haver sempre ainda mais uma maneira para tudo?
Tu só, loucura, és capaz de transformar o mundo tantas vezes quantas sejam as necessárias para olhos individuais.
Só tu és capaz de fazer que tenham razão tantas razões que hão-de viver juntas.
Tudo, excepto tu, é rotina peganhenta.
Só tu tens asas para dar a quem tas vier buscar.
Almada Negreiros
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Almada Negreiros
sábado, 12 de março de 2011
Vejam bem. Com olhos de ver.
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refúgios meus
Sweet home.
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pedaço de vida
Acasos. Ou talvez não.
Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.
Charlie Chaplin
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Charlie Chaplin
sexta-feira, 11 de março de 2011
Casa
Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.
Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.
Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão. . .
Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que sem voz me sai do coração.
David Mourão Ferreira
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David Mourão Ferreira
No escape.
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Um café, por favor.
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momentos
quinta-feira, 10 de março de 2011
Resistência.
Admiro os resistentes,
os que fizeram do verbo “resistir” carne, suor, sangue,
e demonstraram sem espaventos
que é possível viver,
mas viver de pé,
mesmo nos piores momentos.
Luis Sepúlveda
os que fizeram do verbo “resistir” carne, suor, sangue,
e demonstraram sem espaventos
que é possível viver,
mas viver de pé,
mesmo nos piores momentos.
Luis Sepúlveda
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Luís Sepúlveda
Mudanças. Drásticas.
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