sexta-feira, 30 de setembro de 2011
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Bons sonhos.
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instantâneos
4 anos.
Por Ti, Jesus,
Os caminhos da Maria de Deus e do Rui
São agora um só caminho,
As suas almas, uma só alma.
Cantarão para eles os mesmos pássaros
E os mesmos anjos desdobrarão sobre eles
As invisíveis asas.
Terão agora por espelho os olhos do outro;
O riso do Rui dirá a alegria da Maria de Deus
E o pranto dela, a tristeza dele.
Se ele fechar os olhos, ela estará presente;
Se ela adormecer, ele será o seu sonho;
E será, ao despertar, o sol que desponta.
Os seus mapas serão iguais
E traçarão juntos os mesmos roteiros
Que conduzem a fontes escondidas
E a tesouros ocultos.
Na mesma página do Evangelho encontrarão o Cristo
E partirão na ceia o mesmo pão.
Os amigos dela serão os amigos dele
E perdoarão com iguais palavras
Aqueles que os magoem.
A sua leitura será à luz da mesma lâmpada;
Aquecerão as mãos no mesmo fogo
E verão em silêncio desabrochar no jardim
A primeira rosa da Primavera.
Irão, depois, descobrindo nos filhos que crescem -
E não mais saberão distinguir em cada um -
Os traços dela e os dele,
Os gestos de um e de outro,
E então se tornarão parecidos.
E nem o mundo, nem a guerra, nem a morte,
Nada mais poderá separá-los
Porque serão, mais do que nunca,
Em cada filho,
Uma só carne.
Acção de Graças da cerimónia do meu casamento.
29 de Setembro de 2007.
Os caminhos da Maria de Deus e do Rui
São agora um só caminho,
As suas almas, uma só alma.
Cantarão para eles os mesmos pássaros
E os mesmos anjos desdobrarão sobre eles
As invisíveis asas.
Terão agora por espelho os olhos do outro;
O riso do Rui dirá a alegria da Maria de Deus
E o pranto dela, a tristeza dele.
Se ele fechar os olhos, ela estará presente;
Se ela adormecer, ele será o seu sonho;
E será, ao despertar, o sol que desponta.
Os seus mapas serão iguais
E traçarão juntos os mesmos roteiros
Que conduzem a fontes escondidas
E a tesouros ocultos.
Na mesma página do Evangelho encontrarão o Cristo
E partirão na ceia o mesmo pão.
Os amigos dela serão os amigos dele
E perdoarão com iguais palavras
Aqueles que os magoem.
A sua leitura será à luz da mesma lâmpada;
Aquecerão as mãos no mesmo fogo
E verão em silêncio desabrochar no jardim
A primeira rosa da Primavera.
Irão, depois, descobrindo nos filhos que crescem -
E não mais saberão distinguir em cada um -
Os traços dela e os dele,
Os gestos de um e de outro,
E então se tornarão parecidos.
E nem o mundo, nem a guerra, nem a morte,
Nada mais poderá separá-los
Porque serão, mais do que nunca,
Em cada filho,
Uma só carne.
Acção de Graças da cerimónia do meu casamento.
29 de Setembro de 2007.
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pedaço de vida
Bom dia.
Talvez não tudo, mas muita coisa sim.
E, ainda que não resolva, sabe bem, o que, só por si, já ajuda.
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pedaço de vida
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
As Minhas Ansiedades
As minhas ansiedades caem
Por uma escada abaixo.
Os meus desejos balouçam-se
Em meio de um jardim vertical.
Na Múmia a posição é absolutamente exacta.
Música longínqua,
Música excessivamente longínqua,
Para que a Vida passe
E colher esqueça aos gestos.
Fernando Pessoa
Por uma escada abaixo.
Os meus desejos balouçam-se
Em meio de um jardim vertical.
Na Múmia a posição é absolutamente exacta.
Música longínqua,
Música excessivamente longínqua,
Para que a Vida passe
E colher esqueça aos gestos.
Fernando Pessoa
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Fernando Pessoa
Porque as palavras têm o significado que nós lhes damos
Eu gosto do claro quando é claro que você me ama
Eu gosto do escuro no escuro com você na cama
Eu gosto do não se você diz não viver sem mim
Eu gosto de tudo, tudo o que traz você aqui
Eu gosto do nada, nada que te leve para longe
Eu amo a demora sempre que o nosso beijo é longo
Adoro a pressa quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade quando ela está pra terminar
Baby, com você já, já...
Mande um buquê de rosas, rosa ou salmão
Versos e beijos e o seu nome no cartão
Me leve café na cama amanhã
Eu finjo que eu não esperava
Gosto de fazer amor fora de hora
Lugares proibidos com você na estrada
Adoro surpresas sem datas
Chega mais cedo amor
Eu finjo que eu não esperava
Eu gosto da falta quando falta mais juízo em nós
E de telefone, se do outro lado é a sua voz
Adoro a pressa quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade quando ela está pra terminar
Baby com você chegando já...
Gosto de fazer amor fora de hora
Lugares proibidos com você na estrada
Adoro surpresas sem datas
Chega mais cedo amor
Eu finjo que eu não esperava...
Adenda, em 02.10.2011: A versão publicada acima é, de facto, da Adriana Calcanhoto. Mas o original pertence a Helena Elis, data de 2002 e pode ser ouvido aqui.
Obrigada ao leitor atento que deixou na caixa de comentários esta informação, que teve como vantagem, para além do mais, a de me fazer descobrir uma grande autora.
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refúgios musicais
terça-feira, 27 de setembro de 2011
A Menina do Mar.
Era uma vez uma casa branca nas dunas, voltada para o mar. Tinha uma porta, sete janelas e uma varanda de madeira pintada de verde. Em roda da casa havia um jardim de areia onde cresciam lírios brancos e uma planta que dava flores brancas, amarelas e roxas.
Nessa casa morava um rapazito que passava os dias a brincar na praia. Era uma praia muito grande e quase deserta onde havia rochedos maravilhosos.
Mas durante a maré alta os rochedos estavam cobertos de água. Só se viam as ondas que vinham crescendo do longe até quebrarem na areia com barulho de palmas. Mas na maré vazia as rochas apareciam cobertas de limo, de búzios, de anémonas, de lapas, de algas e de ouriços. Havia poças de água, rios, caminhos, grutas, arcos, cascatas. Havia pedras de todas as cores e feitios, pequeninas e macias, polidas pelas ondas. E a água do mar era transparente e fria.
Sophia de Mello Breyner Andresen, A Menina do Mar
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Sophia de Mello Breyner Andresen
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Ao Longe, ao Luar
Ao longe, ao luar,
No rio uma vela,
Serena a passar,
Que é que me revela?
Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.
Que angústia me enlaça?
Que amor não se explica?
É a vela que passa
Na noite que fica.
Fernando Pessoa
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Fernando Pessoa
Ainda a propósito das estações do ano.
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Pablo Neruda
Chegou o Outono.
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quinta-feira, 22 de setembro de 2011
A Morte de Carlos Gardel
Solveig Nordlund, a realizadora sueca naturalizada portuguesa, volta aos écrans com a adaptação do romance A Morte de Carlos Gardel, de António Lobo Antunes.
O filme conta a história de Nuno, um jovem toxicodependente em coma, a morrer num hospital. Durante os dois dias em que se encontra entre a vida e a morte, cada um dos familiares evoca junto a ele uma teia de recordações do passado, através das quais percebemos o presente de Nuno. Álvaro e Cláudia, os pais divorciados e as suas novas relações disfuncionais, Graça, a tia médica que nunca terá filhos porque vive com Cristiana, todos eles se sentem culpados pelo estado de Nuno, pelos desalentos da vida, mas também pelos sonhos que criaram. O pai, Álvaro, apaixonado por tango, recusa-se a aceitar a morte de Nuno, deixando-se levar numa espiral de delírio e confundindo um imitador com o seu cantor de tango argentino favorito, já desaparecido: Carlos Gardel.
O filme conta a história de Nuno, um jovem toxicodependente em coma, a morrer num hospital. Durante os dois dias em que se encontra entre a vida e a morte, cada um dos familiares evoca junto a ele uma teia de recordações do passado, através das quais percebemos o presente de Nuno. Álvaro e Cláudia, os pais divorciados e as suas novas relações disfuncionais, Graça, a tia médica que nunca terá filhos porque vive com Cristiana, todos eles se sentem culpados pelo estado de Nuno, pelos desalentos da vida, mas também pelos sonhos que criaram. O pai, Álvaro, apaixonado por tango, recusa-se a aceitar a morte de Nuno, deixando-se levar numa espiral de delírio e confundindo um imitador com o seu cantor de tango argentino favorito, já desaparecido: Carlos Gardel.
lido aqui.
mais informações aqui.
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António Lobo Antunes
terça-feira, 20 de setembro de 2011
O regresso.
O grande Jorge Palma prepara o lançamento do seu mais recente álbum de inéditos, Com todo o Respeito, para o próximo dia 24 de Outubro.
O single Página em Branco, deste novo álbum, foi colocado hoje à disposição dos fãs na página oficial do cantor no Facebook. Pode ser ouvido aqui.
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referências
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
A banda sonora da minha noite...
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Mote para a semana
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domingo, 18 de setembro de 2011
A eternidade.
De vez em quando a eternidade sai do teu interior e a contingência substitui-a com o seu pânico. São os amigos e conhecidos que vão desaparecendo e deixam um vazio irrespirável. Não é a sua 'falta' que falta, é o desmentido de que tu não morres.
Vergílio Ferreira
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Vergílio Ferreira
sábado, 17 de setembro de 2011
A banda sonora da minha noite...
No teu poema
existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira, um céu aberto,
janela debruçada para a vida.
existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira, um céu aberto,
janela debruçada para a vida.
No teu poema
existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo.
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria.
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha.
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um cantochão alentejano,
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
existe um cantochão alentejano,
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro.
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro.
José Luis Tinoco
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refúgios musicais
Fui sabendo de mim...
imagem daqui |
Fui sabendo de mim
por aquilo que perdia
pedaços que saíram de mim
com o mistério de serem poucos
e valerem só quando os perdia
fui ficando
por umbrais
aquém do passo
que nunca ousei
eu vi
a árvore morta
e soube que mentia
Mia Couto, Raiz de Orvalho e Outros Poemas
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Mia Couto
What matters only.
It matters not
Who you love
Where you love
Why you love
When you love
Or how you love
It matters only that you love.
John Lennon
Who you love
Where you love
Why you love
When you love
Or how you love
It matters only that you love.
John Lennon
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John Lennon
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
De Olhos Abertos
E é por isso que, no fundo, não tenho por mim mesma mais do que um interesse limitado. Tenho a impressão de ser um instrumento através do qual passaram correntes, vibrações. Isto é válido para todos os meus livros e direi mesmo que para toda a minha vida. Talvez para todas as vidas; e os melhores de nós talvez não sejam, também eles, mais que cristais trespassados. Assim, a propósito dos meus amigos, vivos ou mortos, repito-me muitas vezes a frase admirável que me disseram ser de Saint-Martin, «o filósofo desconhecido» do século XVIII, tão desconhecido de mim que nunca li uma linha dele e nunca verifiquei a citação: «Há seres através dos quais Deus me amou.» Tudo vem de mais longe e vai mais longe que nós. Por outras palavras, tudo nos ultrapassa e sentimo-nos humildes e maravilhados por termos sido assim trespassados e ultrapassados.
Marguerite Yourcenar, De Olhos Abertos
[comprado ontem, iniciado hoje. a companhia
mais recente das horas que são só minhas.]
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Marguerite Yourcenar
Vive.
Vive o instante que passa. Vive-o intensamente até à última gota de sangue. É um instante banal, nada há nele que o distinga de mil outros instantes vividos. E no entanto ele é o único por ser irrepetível e isso o distingue de qualquer outro. Porque nunca mais ele será o mesmo nem tu que o estás vivendo. Absorve-o todo em ti, impregna-te dele e que ele não seja pois em vão no dar-se-te todo a ti. Olha o sol difícil entre as nuvens, respira à profundidade de ti, ouve o vento. Escuta as vozes longínquas de crianças, o ruído de um motor que passa na estrada, o silêncio que isso envolve e que fica. E pensa-te a ti que disso te apercebes, sê vivo aí, pensa-te vivo aí, sente-te aí. E que nada se perca infinitesimalmente no mundo que vives e na pessoa que és. Assim o dom estúpido e miraculoso da vida não será a estupidez maior de o não teres cumprido integralmente, de o teres desperdiçado numa vida que terá fim.
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Vergílio Ferreira
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Recomeço.
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quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Noite de teatro.
Eunice Muñoz regressa ao Porto, desta vez acompanhada por Pedro Caeiro; à frente do elenco, estes dois actores estarão no Teatro Municipal Rivoli até ao próximo dia 18 de Setembro, com a peça "O Comboio da Madrugada", de Tennessee Williams, encenada por Carlos Avilez.
A grande Eunice Muñoz é Flora Goforth, a velha milionária excêntrica, decadente e iludida que se toma de amores por um rapaz, Chris Flanders, apelidado por muitos como o anjo da morte pelo seu longo historial de visitas a velhinhas na hora da morte.
Isto é tudo quanto, por ora, sei do que me espera.
Será, seguramente, uma boa noite.
Actualização, em 15.09.2011: Actuação soberba, que permanecerá na minha memória por muito tempo.
A grande Eunice Muñoz é Flora Goforth, a velha milionária excêntrica, decadente e iludida que se toma de amores por um rapaz, Chris Flanders, apelidado por muitos como o anjo da morte pelo seu longo historial de visitas a velhinhas na hora da morte.
Isto é tudo quanto, por ora, sei do que me espera.
Será, seguramente, uma boa noite.
Actualização, em 15.09.2011: Actuação soberba, que permanecerá na minha memória por muito tempo.
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Definições.
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Para interiorizar.
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terça-feira, 13 de setembro de 2011
A banda sonora da minha noite...
O primeiro me chegou
Como quem vem do florista:
Trouxe um bicho de pelúcia,
Trouxe um broche de ametista.
Me contou suas viagens
E as vantagens que ele tinha.
Me mostrou o seu relógio;
Me chamava de rainha.
Me encontrou tão desarmada,
Que tocou meu coração,
Mas não me negava nada
E, assustada, eu disse "não".
O segundo me chegou
Como quem chega do bar:
Trouxe um litro de aguardente
Tão amarga de tragar.
Indagou o meu passado
E cheirou minha comida.
Vasculhou minha gaveta;
Me chamava de perdida.
Me encontrou tão desarmada,
Que arranhou meu coração,
Mas não me entregava nada
E, assustada, eu disse "não".
O terceiro me chegou
Como quem chega do nada:
Ele não me trouxe nada,
Também nada perguntou.
Mal sei como ele se chama,
Mas entendo o que ele quer!
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher.
Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não,
Se instalou feito posseiro
Dentro do meu coração.
Chico Buarque
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Chico Buarque,
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Lema do dia.
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011
And I still wonder.
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angústias
Síndrome de segunda-feira de manhã
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domingo, 11 de setembro de 2011
10 anos.
Porque há imagens que descrevem na perfeição
o que as palavras deixam por dizer.
E porque a memória é importante.
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memória
sábado, 10 de setembro de 2011
O Amor
Estou a amar-te como o frio
corta os lábios.
A arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.
A inundar-te de facas,
de saliva esperma lume.
Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerável
A marcar sobre os teus flancos
o itinerário da espuma
Assim é o amor: mortal e navegável.
Eugénio de Andrade
corta os lábios.
A arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.
A inundar-te de facas,
de saliva esperma lume.
Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerável
A marcar sobre os teus flancos
o itinerário da espuma
Assim é o amor: mortal e navegável.
Eugénio de Andrade
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Eugénio de Andrade
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Há palavras que nos beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill
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Alexandre O'Neill
Bom dia.
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pedaço de vida
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer-
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Valete, Frates
Fernando Pessoa, Mensagem
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer-
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Valete, Frates
Fernando Pessoa, Mensagem
Em noite de nevoeiro cerrado,
a memória levou-me até Fernando Pessoa
e até à sua incontornável Mensagem.
A actualidade do texto é desconcertante;
a forma incisiva da análise é sublime.
E a sensação de que tudo isto, afinal, é cíclico gela-nos o corpo.
Como o nevoeiro.
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Fernando Pessoa
No Chiado. Daqui a pouco.
vinda daqui. |
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referências
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
And so I did.
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Edgar Allan Poe
Ditos.
I'm selfish, impatient and a little insecure.
I make mistakes, I am out of control
and at times hard to handle.
But if you can't handle me at my worst, then you sure as hell don't deserve me at my best.
Marilyn Monroe
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Marilin Monroe
Definições.
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perspectivas
terça-feira, 6 de setembro de 2011
If.
If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you
But make allowance for their doubting too,
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don't deal in lies,
Or being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise:
If you can dream - and not make dreams your master,
If you can think - and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build 'em up with worn-out tools:
If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breathe a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"
If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings - nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much,
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And - which is more - you'll be a Man, my son!
Rudyard Kipling
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you
But make allowance for their doubting too,
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don't deal in lies,
Or being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise:
If you can dream - and not make dreams your master,
If you can think - and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build 'em up with worn-out tools:
If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breathe a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"
If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings - nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much,
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And - which is more - you'll be a Man, my son!
Rudyard Kipling
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Rudyard Kipling
To go away and to forget.
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I'm coming.
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