sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Por ti...


Por ti dou tudo, mortes, mais do que eu
possa de mim ou nada ser ou estar;
por ti me vejo e sujo, e sou sandeu,
viajo sem bilhete a marear

mareado de quem, ou em que posso
p'ra outro continente que contenha
fidelíssima a história que te faço
antes que conte, ou cante, ou livre venha

imitar os sossegos e as agruras
das alga-picos sob o sol caído
de tantas e cinzentas nuvens duras.

Por ti me fino, fano, e me divido
entre a noite de vela em que me curas
e o dia perto, porto, parto ferido.


Pedro Tamen

2 comentários:

ERA UMA VEZ disse...

Deslumbrante este poema. Obrigada!

[MDB] Maria de Deus Botelho disse...

Eu é que agradeço. Disponha!