segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Explicação da Eternidade



devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.


os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.


por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.


os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.


foste eterna até ao fim.

José Luís Peixoto

2 comentários:

[m.m. botelho] disse...

A «Explicação da eternidade». Está publicado no Livro «A casa, a escuridão» (2002).
Aqui está dito pelo próprio JLP: http://youtu.be/wQAo7lnjwzU

[Gosto deste poema até ao final do verso «por si só, o tempo não é nada». Por mim, teria ficado por aí. :)]

[MDB] Maria de Deus Botelho disse...

Obrigada, Mana.
Eu gosto do poema todo, mas isso sou eu. ;-)
Beijos da Mana!