quarta-feira, 18 de julho de 2012

Penélope.

Mais do que um sonho: comoção!
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.


E recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.


Mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.

David Mourão-Ferreira



2 comentários:

Daniel C.da Silva disse...

Não conhecia. Lindo.

beijo amigo

[MDB] Maria de Deus Botelho disse...

É mesmo. Lindo. Ainda bem que o partilhei - agora já o conhece.
Pesquise mais sobre David Mourão-Ferreira. Tem poesia (e prosa) fantásticas!