quinta-feira, 1 de março de 2012

Pedro Abrunhosa - Quem Me Leva Os Meus Fantasmas


Aquele era o tempo em que as mãos se fechavam,
E nas noites brilhantes as palavras voavam,
E eu via que o céu me nascia dos dedos,
E a Ursa Maior eram ferros acesos.
Marinheiros perdidos em portos distantes,
Em bares escondidos, em sonhos gigantes.
E a cidade vazia, da cor do asfalto,
E alguém me pedia que cantasse mais alto.

Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde é a estrada...

Aquele era o tempo em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam o que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro,
Nem o rumo da bala, nem a falha no muro.
E alguém me gritava com voz de profeta
Que o caminho se faz entre o alvo e a seta.

Quem leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem leva os meus fantasmas?
Quem leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e a estrada...

De que serve ter o mapa se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista se o barco está parado,
De que serve ter a chave se a porta está aberta,
De que servem as palavras se a casa está deserta?

Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e a estrada...

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