Teus mimos calor não têm,
Teu beijo é frio de gelo,
Não satisfaz, nem também
Me importa tê-lo ou não tê-lo.
O que me faz recebê-lo
Cativo do teu desdém,
é eu ter forjado o elo,
Da escravidão que me tem
A ti, preso, e que subjuga,
Quer seja rei ou pastor,
Desde o dia em que nasceu.
Desta sina não há fuga,
Mas na escravidão d'amor
O mais escravo sou eu.
António Xavier Cordeiro
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