Regresso à minha escrita, às minhas palavras, ao meu modo de sentir e de descrever o mundo. Não sei por quanto tempo; tantos outros disseram de forma muito mais eloquente aquilo que o meu coração cala e que a minha boca emudece...
Todavia, há dias - todos temos... - em que, por muito que se procure, nada nem ninguém consegue descrever, ainda que de forma imperfeita, aquilo que me assola o espírito e que anseia por ser gritado aos quatro ventos. Nessas alturas, mais não me resta que passar para o papel o resquício palpável, a face (que se pode tornar) visível do turbilhão de emoções que preenchem o meu íntimo.
A complexidade do ser humano abisma-me: os estados de espírito, as incoerências, as paixões, os ódios, as inclinações inexplicáveis e as preferências previsíveis. É tudo demasiado complexo e forçosamente incompreensível.
Talvez por isso passemos (passamos? passamos.) a vida inteira a tentar prever o imprevisível. Antecipamos as reacções - e erramos; adivinhamos os gostos - e quase sempre nos enganamos; conjecturamos sobre os sentimentos dos outros - e na maioria dos casos, acabamos por fazer julgamentos precipitados e injustos.
A humanidade, com as suas qualidades e os seus defeitos, tem, seguramente, uma virtude. Consegue, apesar de tudo, ser sempre surpreendente.
Assustadoramente surpreendente.
imagem recolhida aqui |
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