terça-feira, 23 de agosto de 2011

Das lembranças e do tempo.


Tudo perdura no tempo, mas torna-se tão pálido como aquelas fotografias muito antigas que ainda foram fixadas em chapas metálicas. A luz e o tempo retiram das chapas as tonalidades nítidas e características dos traços. É preciso rodar a fotografia e encontrar uma certa refracção da luz para podermos reconhecer na obscura chapa metálica a pessoa cujas feições foram absorvidas pela placa. Deste modo se desvanecem no tempo todas as lembranças humanas. Mas um dia, a luz cai dum lado qualquer e tornamos a ver um rosto.

Sándor Márai, As velas ardem até ao fim.

[Iniciado ontem. Para aguçar a curiosidade, Pedro.]

2 comentários:

Pedro disse...

Aguçadíssimo! Obrigado!

[MDB] Maria de Deus Botelho disse...

De nada! Disponha sempre!