Todos gostamos de acreditar em histórias felizes, mas acabamos por contar histórias tristes. É o paradoxo do artista. Aliás, penso que uma das funções da arte é parar com esse olhar sobre o que pode acalmar. É melhor ver aquilo que não nos sossega. No nosso mundo, há "tranquilizadores" por profissão - são os políticos, os teólogos, todos os que manobram a sociedade. Os artistas têm que «apanhar» os alarmes, dizer que não é bem assim, pôr no papel que quatro mil quilómetros de estrada em Portugal têm enormes buracos. É o papel da arte, é o livro do desassossego em suma.
Antonio Tabucchi, em entrevista a Sílvia Souto Cunha [publicada na Visão 555].
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