sábado, 20 de agosto de 2011

Última Ceia.



Com que monotonia penso em mim;
sentimento distante, que me põem à frente,
na mesa, já frio e sem gosto. Mas vou
comendo, sem pressa, este prato
indigesto; e, a cada garfada, antecipo
a dor de estômago que me irá encher
de pesadelos a noite. Eu: pesada
refeição que não desejo,
mas me puseram à frente.

(E se disser que não como?)


Nuno Júdice, Meditação sobre Ruínas

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