quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Em todas as ruas

Em todas as ruas te encontro,
em todas as ruas te perco.
Conheço tão bem o teu corpo,
sonhei tanto a tua figura,
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura,
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu,
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura.

Em todas as ruas te encontro,
em todas as ruas te perco.

Mário Cesariny