sábado, 23 de outubro de 2010

Desenlaces

Detesto discussões, zangas, rupturas. Mesmo quando me irrito, falo alto (o que me desagrada e de que me arrependo logo a seguir, mas - ainda - é mais forte do que eu), expludo, irrito-me e, dali a meia-hora, está tudo bem.
Isto porque tenho para mim que, apesar de não fazer amigos com facilidade (culpa minha, provavelmente sou demasiado centrada em mim e nos que me rodeiam), acredito que aqueles que tenho são verdadeiros, para todas as ocasiões e incondicionais.
Bem sei que as pessoas mudam ao longo dos anos, que a vida e as circunstâncias nos afastam de alguns e que essa distância tem, por vezes, como consequência, o resfriamento da relação (quando não, mesmo, o esquecimento). Estou consciente de tudo isso, eu própria já vi amigos partirem e já me afastei - voluntária e involuntariamente - de outros.
Apesar de tudo, não consigo ficar indiferente às "rupturas" que acontecem no meu pequenino mundo: aos amores que terminam, aos divórcios que acontecem, às amizades que se desfazem...
É muito triste perceber que o outro, afinal, não corresponde exactamente à imagem que dele criámos; é doloroso constatar que aqueles que estiveram ao nosso lado em momentos de imensa felicidade, são capazes de ser, eles próprios, os causadores da nossa tristeza; é avassalador descobrir que aquele a quem tínhamos por companheiro incondicional, de todas as horas (seja amante, amigo ou simples colega de trabalho), pode, de repente e sem mais explicações, ser cruel, amargo, frio e falso.

imagem retirada daqui
As desilusões dos que nos são próximos fazem estremecer os alicerces da nossa vida. Deixam-nos arrasados, estonteados, perdidos e profundamente magoados. A nós e aos outros, que assistem, impotentes, ao quebrar de um elo que todos julgavam ser feito do mais puro e resistente aço, insensível à mesquinhez, à maledicência, enfim, resistente a tudo.
Inês Pedrosa, no livro Nas Tuas Mãos (que acabei de ler ontem), diz o seguinte a páginas tantas: «Enfrentando a imperfeição, aprendi a perdoar. Olho para a raiz das acções, e concluo que também eu a podia ter cometido. A pior delas.». A pior delas talvez não...
Mas que sejamos capazes de perdoar, ainda quem às vezes, seja muito, muito difícil. E que saibamos avançar, sem amargura, mantendo a sensibilidade e a beleza interior que fazem de nós pessoas especiais. 
Porque, mesmo que se quebrem alguns, há sempre elos da corrente que ficam, bem agarrados. Alguns deles para sempre. E, só por esses, vale mesmo a pena olhar em frente.

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