domingo, 17 de outubro de 2010

Para um amigo tenho sempre


Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.


António Ramos Rosa, in Viagem Através de uma Nebulosa






[Este poeta maior da nossa língua nasceu a 17 de Outubro de 1924; faz hoje a bonita idade de 86 anos. Eu desejo que ele comemore ainda muitos mais aniversários neste mundo, para que possa continuar a deliciar-nos com os seus maravilhosos poemas, verdadeiras obras de arte.]

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