Como todos (ou quase todos) os miúdos de 18 anos, também eu acreditei um dia que era capaz de mudar o mundo, de o tornar num local melhor, mais justo e mais humano. A idade e a própria vida encarregaram-se (e nem sempre da maneira mais doce) de me mostrar a utopia deste meu desejo.
Mas ficou-me sempre, guardadinho cá dentro do peito, o sonho de fazer a diferença. Ficou - e permanece - o desejo de contribuir, ainda que com uma migalha, uma gota de água ou um grão de areia, para a melhoria da qualidade de vida do outro, para a defesa dos direitos humanos, para a salvaguarda dos pequeninos nadas que, afinal, são tudo no que respeita à felicidade de cada ser humano.
Não posso mudar o mundo - isso já concluí, ainda que com dor e amargura. Mas posso, devo, quero e tento, todos os dias, alterar (seja pouco ou quase nada) a vida dos que me são próximos. Seja alegrar o dia dos que amo incondicionalmente, dar uma palavra de alento àqueles com quem simpatizo ou, quanto mais não seja, sorrir aos que me são indiferentes mas que, por força desta ou daquela circunstância, se cruzam no meu caminho.
Isto porque, no fim do dia, não é a mala ou os sapatos novos que comprei o mais importante. Não é o saldo da conta bancária que me deixa exultante. Não é o fausto jantar que coma que me deixa maravilhada. São os carinhos, os mimos, as vitórias intelectuais e o enriquecimento do meu espírito. É isto, só isto, que faz com que o meu dia valha a pena.
E como a vida (a nossa e a dos nossos) acaba muito antes do que desejaríamos, sigo o lema de Pessoa, e "trago em mim todos os sonhos do mundo".
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