Cresci convencida de que a minha vida apenas atingiria a sua plenitude no momento em que me tornasse mãe. Acreditei piamente, durante toda a juventude, que, por muito satisfatórias que fossem as vitórias e os sucessos que fui alcançando, nada se compararia à realização inerente à maternidade.
Engravidei quando quis, porque quis - e quis (quisemos) muito. E de facto, ser mãe é qualquer coisa de extraordinário, indescritível e avassalador. O meu filho é, sem dúvida, a pessoa mais importante da minha vida, presença constante no meu pensamento e a principal razão de todos e de cada um dos meus dias.
Contudo, mesmo sendo uma característica indissociável da minha pessoa, a maternidade não esgota a minha existência. Sou mãe, sim, sou sempre mãe. Mas também sou mulher, profissional, filha e eternamente criança.
Sou leitora ávida, viajante curiosa, interessada por música, pintura e filmes; adoro o silêncio, gosto de passear sozinha pela praia numa tarde de outono e de ficar fechada em casa dias a fio, só porque sim; sou capaz de comover-me até às lágrimas com uma música; ainda fico toda a noite acordada para terminar aquele livro que simplesmente não consigo parar de ler; abstraio do resto do mundo, pasmada pela beleza de uma pintura ou de uma paisagem.
Estas vivências são levadas a cabo de forma (maioritariamente) solitária, naturalmente; mas creio que a realização de nenhuma delas diminui a importância que o meu filho tem na minha vida. Todas estas experiências pessoais, todos estes momentos sozinha, todas estas aprendizagens individuais me tornam mais completa, mais feliz, mais plena, mais rica.
E serão, também elas, as que transmitirei ao grande amor da minha vida - precisamente, ao meu filho.
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